Monday, November 27, 2006

Big coletânea com preço acessível


O Mr. Big não é uma banda pra coletâneas: suas excelentes obras merecem destaque na discografia de qualquer fã de rock bem tocado. Até porque a banda lançou apenas 6 discos em estúdio, contra 7 ao vivo, 2 singles e 2 coletâneas. Logo, todo fã de hard rock deve possuir pelo menos seus discos principais.
O grupo, que teve a rara oportunidade histórica de tocar com dois deuses da guitarra - Paul Gilbert e Richie Kotzen - se dissolveu em 2002 deixando saudades. Isso confirma a máxima de que tudo que é bom dura pouco. Pouquíssimo, no caso: a banda lançou seu primeiro album pela Atlantic Records em 1989 e o último em 2002, o disco ao vivo "In Japan". Contava ainda com Eric Martin nos vocais, o baixista favorito de Stevie Vai, o Billy Sheehan, e com Pat Torpey na bateria, que já tocou no Duran Duran, mas é um escolado em jazz e latinos. A mistura só poderia resultar num grupo fantástico.
Pra aliviar a tristeza dos fãs brasileiros, a Warner lançou uma coletânea nacional capaz de agradar os fãs da fase Gilbert e seu peso de "Addicted to That Rush" até as mocinhas mais românticas com "To be with you". Não faltam sucessos (como se alguma música do Mr. Big não fosse um sucesso) como Just Take my heart, Take Cover com seu ritmo instigante, Colorado Bulldog com sua levada heavy metal à la jazz na condução e seu solo de tirar o fôlego, Superfantastic, Shine e até a furadeira Daddy, Brother, Lover, Little Boy. Mas a coletânea não é, em momento algum, uma salada mista de mau gosto, como acontece com alguns Greatest Hits. O Mr. Big sempre teve uma linha clara de virtuosismo, musicalidade e expressão hard rock, e mesmo na balada enxuta Green-Tinted Sixties Mind, é notável a preocupação com técnica, com contratempos elaborados e compassos em 5/4. Bem diferente dos grupos atuais!
A única falha da gravadora foi não colocar uma foto sequer do guitarrista Kotzen no encarte, não pela sua estonteante beleza de cinema, mas pelo seu merecido lugar no grupo. O ex-Poison mostra sua musicalidade em Dancin' With My Devils e não deixa a desejar.
Seus integrantes continuam na tentativa de trilhar caminhos tão "big" quanto o grupo. A corrida da virtuose está aberta, e o lançamento de discos solos parece que não será tão breve quanto foi a banda: o vencedor é Richie Kotzen e está no seu 14º disco, Into the Back, na busca interminável de definir quem ele é como artista. O último disco de Eric Martin também foi lançado no Brasil, intitulado "Destroy All Monsters". A carreira solo em ascensão de cada integrante soterra cada dia mais a esperança dos fãs de ver reunida uma das maiores bandas dos anos 80, embora o trabalho individual desses mestres também mereça atenção.
Mas o melhor de tudo no disco é o seu preço. Fãs acalorados do Mr. Big, acostumados a desembolsar generosas quantias pelos seus albuns importados, ficarão boquiabertos ao saber que tanto sucesso foi reunido por míseros R$ 25 na galeria do rock, em sampa. Sem dúvida, uma surpresa pra quem já nem estranhava a faixa de valor de R$60 a R$150. Pra quem sempre preferiu baixar as músicas pela internet em coletâneas caseiras por conta do preço, essa é a chance de levar pra casa um disco do Mr. Big.